Reflexões sobre o momento e circunstancias presentes:
O isolamento social como oportunidade de nos (re)encontrar-mos, por que ele não vai ser para sempre.
O isolamento físico é diferente do isolamento emocional.
Os tempos actuais obrigam-nos a olhar de frente para nós, sobre tudo para nossos medos e a forma como lidamos com eles. Entrámos em contacto “directo” com as nossas fragilidades. Paradoxalmente, não estamos em tempo de fugir mas sim tentar aceitar as realidades externa e interna e procurar dar-lhes um sentido.
Este esforço pela procura de um sentido para o tempo actual reflecte-se na procura de informação através da televisão e internet, mas atenção, necessita de ser responsável na qualidade e quantidade. Por isso, deve selecionar o essencial e a um período do dia, evitando a contaminação tóxica da nossa mente ou dependência da mesma.
O efeito de alarme e ansiedade pode despertar comportamentos ou atitudes focadas em prever sobre o que aí vem e/ou controlar tudo á volta.
Neste tempo presente pode sentir medo, pânico, angústia, desespero, revolta, momentos de grande preocupação e revolta.
Porque pouco controlamos.
Porque estamos a correr risco de vida.
Porque as notícias e os números são dolorosos.
Porque estamos a lidar com a morte.
Porque temos de lidar com a incerteza, com o desconhecido, o sem rosto, o invisível, o desconhecido, o sem rumo.
Porque tememos pelo bem estar dos nossos familiares e amigos, e até dos que nem sabemos quem são.
Porque tememos a perda.
Porque tememos pela nossa sobrevivência pessoal, familiar, social e económica.
Pelo presente incerto, pelo futuro imprevisto.
Pelo risco do que ainda não sabemos ou conhecemos. Ainda.
Mas tudo vai passar e esperemos com lições aprendidas para o Homem e Humanidade.
Inclua no dia a dia tambem o que mais gosta em casa.
Mantenha o contacto não presencial com as pessoas, converse, partilhe.
Mantenha actividades fisicas diarias em casa dentro do que for possível.
Cuidar da casa, vestir-se, arranjar-se, arrumar coisas isto é mantenha as suas rotinas com amor próprio e gosto.
Cuide bem de si. Alimente-se, descanse, durma o suficiente.
Faça actividaes de lazer como ler, ver filmes, documentários, jogos e pesquisas entre outras.
Use técnicas de relaxamento fisico ou mental como de respiração, musculares, ou meditacão.
Converse com a familia. Aproveite para estreitar relações afectivas.
Tenha e promova tambem actividades diferentes para a nossa mente.
Tenha horários para as diferentes actividades diárias.
Cuide da sua saude mental percebendo as suas emoções e sentimentos. Culpa, raiva, revolta, descondiança, insegurança, desespero, medo, frustração, desilusão são algumas dos exemplos que pode sentir. Aceite-as.
Lembre-se que melhor saude mental, maior bem estar fisico, igual a maior imunidade.
Se vive só, pode aprofundar e refletir sobre si proprio.
É tempo de dar valor ao que é simples e ao que somos dentro de cada um de nós e ao nosso valor como Ser Humano.
O isolamento fisico não tem que ser retraimento emocional/social, esse sim pode colocar em risco ou dar lugar a depressão e solidão.
Como familia ou casal aproveite para melhorar a relação estar mais disponivel, dividir tarefas, horarios, comunicar, fazer trabalho de equipa, expressar emoções, não avaliar ou julgar o outro, terem espaços individuais, pessoais ou de trabalho, lazer, não deixem de comunicar com os outros.
Seja positivo, construtivo, espontãneo, divertido, estar grato, procure aprender, aceitar os desafios que a vida nos impõe, as diferenças, as mudanças que não dependem de nós, empatizar com os outros, reconfortar o outro.
O problema não está no isolamento fisico mas na solidão, na depressão neste momento condições para a baixa de defesas no organismo ou risco de adoecer.
Esta é a oportunidade para repensar a vida e o problema da solidão que não existe só com o confinamento fisico mas com o desamparo, o estar desacompanhado ou só na sua existencia e condição Humana, tambem como forma de ajustamento patológico, como reação emocional ao mundo em que vivemos ou a solidão aparecer, despertar quando estava internamente silenciada .
Isolamento é estar só.
Solidão é sentir-se só.
A pior solidão é sentir-se acompanhadamente só.
A Clínica de Saúde Mental do Porto continuará empenhada em acompanhar esta problemática atual, pautando-se pelo rigor no acesso a informação que apresenta a melhor evidência científica possível, ao mesmo tempo evidenciando compaixão pelo sofrimento vivido associado a esta pandemia e com o objectivo de transmitir sempre a esperança e confiança num futuro melhor a todos os níveis.