Na Clínica de Saúde Mental do Porto dispomos, agora, de uma consulta especializada na avaliação e no tratamento da Perturbação de Hiperatividade com Défice da Atenção (PHDA) no adulto.
Normalmente, associamos a PHDA às crianças, mas muitos adultos sofrem desta condição. Isto parece acontecer pois a idade de início das primeiras manifestações é na infância. O que acontece é que esta perturbação tem uma forma muito própria no seu desenvolvimento. Aliás, muitos dos casos são confundidos com outras perturbações mentais. A PHDA surge ao longo do desenvolvimento e, normalmente, o diagnóstico é feito a partir dos 7 anos de idade. Contudo, sabemos já que existem fatores de risco desde o período perinatal (ansiedade, consumo de álcool e tabaco da mãe durante a gravidez, baixo peso à nascença e índice de APGAR = 8, por exemplo). Com o desenvolvimento humano as manifestações clínicas vão-se modificando no seu padrão, daí a dificuldade em reconhecê-las e pedir ajuda.
A PHDA tem vários subtipos, ela pode ser do tipo predominantemente desatento, impulsivo/hiperativo ou misto. Verifica-se, a nível neuropsicológico, que as pessoas com PHDA têm alterações no córtex pré-frontal. Esta parte do encéfalo é responsável pelas funções executivas e pela tomada de decisão. As características da PHDA no adulto têm a ver com a dificuldade em tomar decisões, desde as mais simples às mais complexas, irritabilidade, agir por impulso, dificuldade no planeamento e organização, deixar coisas esquecidas e ter que voltar para trás, perder objetos, cansar-se rapidamente das conversas, interromper o outro, pedir para repetir o que lhe foi dito e a impaciência. Normalmente, com a evolução da doença, já em idade adulta, a atividade motora tende a diminuir, acresce a desorganização, procrastinação, abulia, irresponsabilidade e irrequietude interior.
O diagnóstico é multidisciplinar, passa pela avaliação psiquiátrica e psicológica.
Muitas vezes esta perturbação não foi identificada na infância e o adulto vem à consulta com queixas. Está descrito que 75% das pessoas com PHDA têm comorbilidades associadas. Dispomos de instrumentos fiáveis que avaliam a PHDA no adulto para a avaliação e diagnóstico.
O tratamento é psicoterapêutico e psicofarmacológico.