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O que é a Doença Bipolar?

A doença bipolar foi anteriormente designada psicose maníaco-depressiva. Ambos os termos traduzem uma característica fundamental na doença – a bipolaridade do humor: elevado ou mania; baixo ou depressão.

O que é a Doença Bipolar?

Estas alterações do humor surgem, de um modo geral, espontaneamente, sem causa aparente, o início pode ser progressivo ou súbito, com persistência do mesmo estado (isto é, depressivo ou maníaco, conforme a crise for depressiva ou maníaca) ou alternância rápida ou seja ciclos rápidos de tristeza depressiva e euforia maníaca.

O estado depressivo caracteriza-se por tristeza, em geral profunda, acentuado desânimo, desmotivação, desinteresse, apatia em relação a tudo, falta de iniciativa, ausência de prazer nas actividades que anteriormente eram gratificantes, até ao extremo de anedonia, diminuição geral do apetite, insónia, perda do desejo sexual, prejuízo nas capacidades cognitivas, como atenção, concentração e memória, pensamentos catastróficos, de ruína, sentimentos de culpa muito acentuados, que podem atingir um nível psicótico no qual a pessoa crê e está convencida da realidade do que pensa distorcidamente, como por exemplo que é culpado e não tem saída, que está muito pobre e não tem dinheiro para a subsistência, embora a realidade seja completamente diferente.

No estado maníaco a pessoa sente-se muito bem, com humor elevado, cheia de energia, com capacidades elevadas de trabalhar, produzir, criar, com soluções fáceis e imediatas para todos os problemas, com pensamento muito acelerado, cheia de ideias, passando, muitas vezes, de umas para as outras sem terminar as anteriores.

Este sentimento de estar bem, felicidade e capacidade, não se traduz na prática e objectivamente por produtividade real, aumento de eficácia, mas numa distorção da percepção da realidade interna pessoal e externa, com consequências por vezes graves para a própria pessoa. Por exemplo, por se sentir muito bem, a pessoa tem ausência de limites e juízo crítico que a podem levar a comportar-se de um modo altamente prejudicial, como por exemplo, fazer negócios, compras, consumo de álcool, actividade sexual, etc., sem atender às condições e consequências. Posteriormente, após recuperação do estado maníaco, a pessoa reconhece os factos e erros e pode sentir-se muito mal.

O estado maníaco pode atingir um nível psicótico em que, por exemplo, a grandiosidade pode levar à convicção delirante de ser o primeiro-ministro, um santo, ou até Deus, com poderes capazes de resolver ou atingir tudo o que se queira.

Existem estados depressivos ou de elevação do humor não tão graves e nesse caso falamos de ciclotimia.

Noutros casos, a elevação do humor não atinge proporções tão graves e, nessa altura, falamos de hipomania.

Por outro lado, nem sempre as manifestações da doença são tão nítidas e pode ser difícil distinguir os estados de humor por coexistirem ou terem variações muito rápidas.

A sintomatologia, quer depressiva quer maníaca, pode manifestar-se por modificações do humor em que predominem a irritabilidade, a agitação, a impulsividade, etc., que tornam difícil perceber que a pessoa está doente.

Aliás a doença geralmente só é diagnosticada quando os estados são extremos e com graves complicações para a pessoa, família e, por vezes, da ordem social.

É muito importante ressalvar que, apesar da gravidade da sintomatologia, o tratamento pode ser plenamente eficaz e com recuperação global, ficando a pessoa estável e sem qualquer resíduo.

No entanto, existem casos em que a vida é permanentemente afectada pela doença, com um resíduo de sintomas quase permanentes, mistos ou cíclicos breves, embora atenuados.

Esta doença mental é prioritariamente biológica, isto é, cerebral, em que as alterações das substâncias químicas – neurotransmissores cerebrais - estão alteradas, daí que a importância do tratamento com medicamentos seja fundamental e sempre necessária.

Os estados depressivos são sentidos pela pessoa doente como mais graves e incapacitantes, por isso procuram mais vezes o tratamento nesta fase da doença, ao contrário dos episódios maníacos.

Também se verifica que, em geral, a pessoa com doença bipolar, depois de conhecer o seu funcionamento com euforia, sociabilidade, criatividade, hiperactividade, etc., tende a sentir-se mal quando está assintomático e normotímico / equilibrado.

O tratamento da doença bipolar é indispensável e muito benéfico para o doente.

Não é fácil o doente em episódio maníaco aceder voluntariamente ao tratamento, pois sente-se bem e feliz. Nestes casos, a ajuda de familiares e envolventes é muito importante.

Mesmo após o início do tratamento, que poderá ser em regime de internamento ou ambulatório, a doença subsiste sintomática por um período variável, pelo que é necessário aguardar o efeito terapêutico.

Nos episódios depressivos a pessoa doente é muito mais colaborante e está em sintonia com o tratamento, mas infelizmente nem sempre o episódio é debelado tão rapidamente como o maníaco e a depressão pode prolongar-se por meses até regredir.

Assim, o tratamento deve incluir fundamentalmente o uso de fármacos, nas fases agudas, recaídas e recorrências e no período de manutenção ou prevenção.

O tratamento de manutenção ou prevenção é fundamental para a estabilidade da pessoa doente e impedir, se possível, a ocorrência de novos episódios ou prolongar o intervalo livre de sintomas.

Neste contexto, é prioritária a informação sobre a doença e tratamento ao próprio doente e a familiares próximos.

A aprendizagem do doente sobre a doença revela-se um passo importante para a sua estabilidade e melhor cumprimento da medicação. Deste modo, o acompanhamento do doente e a intervenção psicoterapêutica educativa e correctiva dos factores emocionais detectados é fundamental. A intervenção psicoterapêutica é, em geral, demorada no tempo e deve ser sempre associada à terapia farmacológica.

Na fase de manutenção são fundamentais os fármacos estabilizadores do humor.

Apesar de toda a intervenção possível, nunca se atinge a cura, mas é possível alcançar-se anos de estabilidade bem sucedida nesta doença crónica.

O melhor tratamento psicofarmacológico pode só ser conseguido após algumas tentativas, o que não é sinal de fracasso. Não existe uma doença bipolar, mas uma pessoa doente, com aspectos individuais particulares, o que condiciona muito os resultados.

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Clinica de Saúde Mental do Porto
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